sábado, 29 de dezembro de 2012

the.old.bastard.




because endurance is more important than truth.

recomendado pelo continuamente contraditório guri da cidade pequena.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

sketches.of.my.life.




uma das melhores coisas do ano, foi a sarah polley quem fez .

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

a.invenção.de.um.macaco.





On the page it looked nothing. The beginning simple, almost comic. Just a pulse - bassoons, basset horns - like a rusty squeezebox. And then, suddenly - high above it - an oboe, a single note, hanging there, unwavering. Until a clarinet took it over. Sweetened it into a phrase of such delight! This was no composition by a performing monkey. This was a music I'd never heard. Filled with such longing, such unfulfillable longing. It seemed to me that I was hearing the very voice of God. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

amém.


she can define her enterily relation towards you by the music she would listen at that time. maybe she'd just pick up something among your stuff or she could bring her own. it doesn't matter. they were not the ones which would made her feel reliant. or safe. as folk or blues. they just caused her stunningly carnal feelings. like she were almost in hazard. very much like hard jazz or electronic rap.

domingo, 25 de novembro de 2012

aqui.só.vale.o.que.me.perturba.



cheap.songwriting.


a história começa assim. pretty little girl, 19 anos, cachinhos dourados, olhos claros, tinker bell, vestido rodado, sapatilha, imaculada cantora-compositora, fiel escudeira das palavras bonitas do dicionário - resolve se envolver com músico-compositor, dos melhores da sua geração, quinze anos mais velho, que dá declarações públicas do tipo: When I’m fucking you, I’m trying to fuck every man who’s ever fucked you, but in his ass, so you’ll say “No one’s ever done that to me in bed.”


o que se sucede, todos imaginam.

ainda assim, a chapeuzinho vermelho das canções resolve compor uma música para dizer "algumas verdades".

a resposta desse elegante senhor? um prêmio!

porque não basta ter um coração alvejado nessa idade e condições. há que perder a virgindade do modo jihad.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

domingo, 18 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

placar.de.mortos.


incursão de israel em gaza 2008

palestinos 1400   x    13  israelitas

incursão de israel em gaza 2012

palestinos 140     x    03  israelitas

[atualizado].

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

terça-feira, 13 de novembro de 2012

vibrato.unico.



this is the hardest story i've ever told.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

a.foto.


sonhei que acordava no teu quarto. tinha acabado de sair do banho e de cabelo molhado olhava pela janela. acho que nunca tinha olhado por ali antes. a vista era exclusiva. fiquei meio absorta diante disso. daí , tu me fotografastes silhuetosamente num contra enquadrado pela janela.

domingo, 11 de novembro de 2012

filosofia.à.parte.


desculpa, mas se eu tivesse uma feira na fren-te da minha casa, eu também sairia pra comprar cogumelo fresco.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

you.never.gonna.ever.



in fact, you can keep everything.
except for me.

sábado, 3 de novembro de 2012

korengal.valley.























o vale do korengal fica localizado ao sul do rio pech, no distrito pech, na província de kunar, no nordeste do afeganistão. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

duas.medidas.


girls pode ser a melhor coisa que está no ar na televisão no momento. mas homeland é o melhor roteiro que está no ar na televisão no momento.

domingo, 28 de outubro de 2012

chuva.em.são.paulo.


cavemos bem fundo. enterremos. de cinco em cinco palmos, joguemos uma camada de cimento e depois voltemos a cobrir com terra. como camadas de uma prato gastronômico blindado. 

ninguém aqui precisa de velório. sepulte-o! sepulte-o!

vá com deus, senhor, porque o diabo é too cool for you.

fimtardecarreira.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

leste.um.e.dois.



negro drama
cabelo crespo
a pele escura
a ferida, a chaga
a procura da cura.
         -
eu visto o preto
por dentro e por fora
guerreiro, poeta
entre o tempo e a memória.
        -
veja, olha outra vez
o rosto da multidão
a multidão é um monstro.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

a.minha.origem.é.a.periferia.



uma periferia torta, abandonada, longínqua.
mas que resiste. para desespero deles, ela ainda resiste.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

sábado, 13 de outubro de 2012

life.is.a.highway.



nunca pensei que tal jargão sairia dos meus dedos, mas eu deveria ter feito esse filme. ou pelo menos ter escrito. ou ter assinado o argumento. ou ter falado com spader pelo telefone. sei lá.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

spader.




pela atuação exímia, meticulosa. inebriante.
estou trocando, oficialmente, irons por spader.

domingo, 7 de outubro de 2012

são.paulo.

a cidade é um lugar de encontro.

e isso tem inúmeros desdobramentos. mas agora, bem agora, me chegam três.


um. só se vive a cidade quando se anda por ela sem destino.
dois. meu corpo é a unica militância possível.
três. por causa das duas primeiras, nunca mais vamos nos encontrar nessa cidade.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

give.me.hope.in.silence.


it's easier.
it's kinder.

domingo, 16 de setembro de 2012

sábado, 15 de setembro de 2012

quero.meus.pares.


o dilema entre olhar a taça cheia e assistir o filme. enxergar o filme. quase tocá-lo. o filme é proof. não se enxerga. o domínio sobre o personagem. quero apertá-lo. ele me foge. ele me é. eu o mancho com as partículas da uva. eu o transtorno. eu me canso.

preciso saber dizer o certo sobre o filme. o filme que quero fazer. o tempo encurta. mas continua fugidio. meus personagens não concluídos. eu os gosto assim. incompletos. o juri, não.

o paradoxo: comunicar ou sangrar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

feliz.aniversário.sr.naves.


ainda ponho o pão direto na chama do gás porque tem o cheiro dele. quando viro a esquina ao voltar da escola e vejo o carro vermelho estacionado, ainda é minha primeira e única definição de alegria. se desligo o telefone muito rápido depois do tchau, é porque ainda não consigo ouvir uma declaração de amor. tenho onze anos. e toda vez que alguém ameaça sair pela porta - é sempre a você que me agarro.

por isso, não importa onde, preciso dormir do lado mais próximo à saída. talvez, da próxima, eu consiga o impedeir.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

charizard.



o leonardo tem o melhor curta do festival do rio desse ano. falei isso para ele duas vezes, mas uma coisa tenho certeza: ele não sabe da dimensão do filme dele. e é isso, exatamente isso, que me traga que nem vetor para o cinema.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

títulos.



a tradução do título dessa instalação jamais terá o efeito apropriado.
still being.
being still.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

resume.tudo.

Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo.
Lo que me gusta de tu sexo es la boca.
Lo que me gusta de tu boca es la lengua.
Lo que me gusta de tu lengua es la palabra.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

são.jerônimo.que.escreve.



mais vivo do que nunca.
ali no masp.
como eles dizem: não percam.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ou.não.

quero ver um dvd cuja caixinha está em mãos, portanto ejeto o player do notebook. há, como sempre, um outro dvd no player. logo, tiro o dvd que está no player, guardando-o na caixinha do dvd que quero ver no momento. coloco o dvd atual no player para rodar.

na próxima vez, o ritual é repetido. e assim por diante.

então, quando quero achar algum dvd, vou a procura da caixa do mesmo e abrindo-a, é claro, não é o dvd que procuro que está dentro - já que esse foi vítima do meu processo tortuoso.

storyline da minha vida.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

bad.news.

i am such a sundance chick. gosh.

bem, um pouco, um tanto constrangedor e essas coisas todas.

domingo, 5 de agosto de 2012

sábado, 4 de agosto de 2012

é.né.

dia desses, vi num filme, ouvi numa música e li num livro: será que tu guardas meus correios?

fausto.



é bonito, pictórico, deleite para os olhos e tudo isso que falaram. as escolhas são muito bem-sucedidas. principalmente quando o acordo é selado e fausto parte, enfim, a reclamar suas posses.

a cena da queda dos dois no lago tem uma força, uma brutalidade e uma certeza raríssimas.

para mim, o que faltou foi o pathos. fiquei, em termos literais, assistindo. só no último ato me desesperei com o doutor.

menos para o trabalho de som (diretor que só cuida da imagem e dubla o filme todo pode escolher artes plásticas em vez de) .


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

regallo.


acabei de escrever mais quarenta páginas e vou me dar de presente um adaptação de camilo castelo branco de duzentos e setenta e dois minutos de duração dirigidos por um chileno.

quatro horas e trinta minutos de merecimento puro. virginal.

terça-feira, 31 de julho de 2012

melhor.storyline.ever.


worried that he has goten the free-spirited Mindy pregnant after an unprotected one-night-stand, Fred feigns romantic interest and sticks by her side for twelve hours to make sure she takes both doses of the morning-after pill.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

slowly.



you don't know me.
bet you'll never get to know me.
you don't know me at all.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

pracinha.



flagrante fragrante sabor flor de laranja.

terça-feira, 24 de julho de 2012

delírios.

essa coisa de comer e beber bem, trabalhar no que gosto e respirar mata atlântica; pode me deixar bem mal acostumada.

domingo, 22 de julho de 2012

huw.



ford triste. é. triste.

domingo, 8 de julho de 2012

gatuno.

há um moço que mora lá. pra depois da estrada. invadiu minha casa e levou todas as palavras consigo. tomou meu ofício.

queria injuriá-lo, mas assim, de mansinho, assim, espiei. e vi. elas... elas. tão radiantes ao lado dele. feitiço. nasceram um para o outro.

na minha cabeça, elas giram a sua volta, sem descanso. você ergue a mão e as escolhe. e assim, faz dela a mais feliz do universo.

e tou me vi ando co o pos o.

domingo, 1 de julho de 2012

estou.aqui.

eles querem meus tornozelos. distorcê-los. colocá-los em aprumo. e eu só pensando em afundá-los na areia que não me chega. está ali, do outro lado da rua, eu sei, ela está ali. vi um garotinho passar pelo meu tapete e enchê-lo de grãos. eles querem meu pescoço. separar minha testa do resto. apartar a palavra do corpo. ela não foge. nunca. ainda que você queira meu rim direito. que reste apenas o torto, o outro. segregando o que é reaproveitável. expeli todas as rochas formando o relevo acidental dessa cidade. encontrei no vão dos meus átrios os significados do que podia te dizer. eles me escaparam quando subi nos morros e você não veio.

terça-feira, 26 de junho de 2012

sexta-feira, 22 de junho de 2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

sobre-humano.



o desespero. o humano. o corpo estilhaçando desespero por rua abaixo. tem algo de épico nisso. não só no arranjo. mas no desesperadamente humano também.


terça-feira, 12 de junho de 2012

sábado, 2 de junho de 2012

o.criador.e.a.criatura.


houve um momento em que você não a regulava. não a limitava a um espaço, tempo ou condição. você a queria a todo custo/caso. não tinha que passar em nenhum lugar primeiro ou resolver qualquer outra coisa antes. podia ter que, mas nunca era mais importante que aquela outra coisa - o que tanto vocês tinham. tudo era menos fundamental que o nada que vocês tinham a fazer juntos, todos os dias, amontoados.

essas coisas já não existem mais. e ao escrever, coloco-as em xeque: se quer existiram? esse movimento ficcional constante não tem nada a ver contigo, ainda que a tua vaidade conclame por tal. esse deslocamento é um avanço sobre o ficcionar.

ela adorou fabular a respeito da tua pessoa. queria poder falar mais sobre isso, mas há sempre um acorde mais desesperado da tua parte pelo caminho.

nunca ter sido um homem da realidade dela é exatamente o que mantém todo o resto alienado. do contrário, teriam tido uma vida. mas nunca - não se engane - nunca tiveram.

e isso não é um lamento. é uma criação.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

aí.

eu percebi que você me dá uma puta preguiça.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

bem...

hello joe.

i wanna watch 'art history' and i don't know how. i mean, i've watched most of your films; some i've downloaded (sorry), others i've just seen through netflix or stuff; but this one i cannot find anywhere.

any tips?

thanks

meu respeitoso email para um diretor-ícone do cinema b.

terça-feira, 22 de maio de 2012

nights.and.weekends.



não recomendado para corações partidos.

uma vez remendados, assistam. um retrato absolutamente nu e belo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

domingo, 20 de maio de 2012

funny.ha.ha.


vivi com essa outra marnie: uma garota normal que não tem nada de errado, mas tem tudo e mais um pouco. estive em cada gaguejada, titubeio e ato de compaixão dela. esse cinema muito me interessa.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

GIRLS.



é a melhor coisa em narrativa seriada que está acontecendo no momento. sério. seríssimo. muito sério. não é exagero. é sério.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

disease.


what i am to you is not real
what i am to you, you do not need
what i am to you is not what you mean to me




what am i to you?

terça-feira, 8 de maio de 2012

gigantes.


eu, assistente de direção, falando para o ator algo que a diretora deveria estar falando.

sábado, 28 de abril de 2012

jeunesse.

estava para falar do novo filme da mia hansen e pensei: para quê? em certos vespeiros, não se deve mexer.

sábado, 21 de abril de 2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

o.garotinho.canadense.esnobe.

sexy.

contagem.

seria mais fácil se, naquela vez, ao empunhar a lata para o brinde, ele não tivesse dito: olha no meu olho, se não a maldição te pega: ser ruim de cama para o resto da vida.

mais fácil seria se ele não sentasse à sua frente e esfregasse o pescoço nu a três centímetros de distância. em slow motion. ou se ele não desviasse o olhar, toda vez que lhe dissesse algo ambíguo. ou se não a puxasse para si e perguntasse se ela está realmente bem, num dia qualquer, que ela estivesse bem, mas silenciosa.

don't get me wrong. não se trata de romance.

por muito menos, isso seria resolvido.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

terça-feira, 17 de abril de 2012

demência.

and i find it kind of funny
i find it kind of sad
the dreams in which i'm dying
are the best i've ever had.

terça-feira, 3 de abril de 2012

quarta-feira, 28 de março de 2012

último.aviso.

ALL THE OTHER KIDS WITH THE PUMPED UP KICKS,
YOU BETTER RUN, BETTER RUN, OUTRUN MY GUN.
ALL THE OTHER KIDS WITH THE PUMPED UP KICKS,
YOU BETTER RUN, BETTER RUN, FASTER THAN MY BULLET.

domingo, 25 de março de 2012

um.rock.para.um.sambista.apaixonado.



she eyes me like a Pisces when i am weak.
i've been locked inside your heart-shaped-box for weeks.
i've drown into your magnet tar pit trap.
and i wish i could eat your cancer when you turn black.

sexta-feira, 23 de março de 2012

troco.números.por.letras.

não sei onde deixei minhas letras. deixei em algum lugar, perdidas, num canto de aeroporto, onde eu realizava ligações e pagava tarifas.

não posso ser produtora por muito tempo.

quero meu réptil de volta.

troco números por letras. interessados?

segunda-feira, 19 de março de 2012

tocantins.



estendendo os braços e perguntando 'o que eu estou fazendo aqui?'.

domingo, 11 de março de 2012

pina.e.o.satyros.

fearless.



they didn't do anything wrong. they just did it first.

terça-feira, 6 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

you.keep.me.under.your.spell.

o.indizível.

o caso é que o amigo de cristo ficou bêbado. muito. ela também. ela começa a falar com um cara do último ano da música. ele parece ser muito legal. o amiguinho senta ao lado, com o pretexto de estar com "ciúmes" e dá bola para ele. o músico diz que deveriam se beijar. o amiguinho a beija. minutos mais tarde, o músico e a moça levam o amigo para as barraquinhas. o músico pede um abraço para o best friend. eles se beijam. enfim, o amigo de cristo vira-se para a moça e a beija.

ai, ai: a eca - subtítulo - uma grande confusão. and i love it.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

todas.as.cartas.de.amor.são.ridículas.



well baby, i would call you if I didn't know you, but i'm waiting for it.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

grande.tão.grande.

a elly de sapideh, de ahmad, de shohreh, de amir, de peyman, de naazi, de manoochehr.

a minha elly. eterna elly.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

filme.demência.1987.

coisas que me movem e me fazem continuar a me (co)mover.

hoje, no cineclube do mube: a pessoa que vos escreve, reichenbach e zé bob; discutindo a personagem fantasmagórica do Filme Demência.

surreal.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

caminho.para.o.nada.

a câmera é uma ameaça.
hellman que o diga.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

whip.it.

just a bunch of girls having a blast.
drew, diversão e girl power.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

virgulas.

lembra da vez que você estava assistindo um filme e eu estava do seu lado? enquanto você assistia o filme, eu olhava para você e não para a tela. você me deu uma bronca e me fez assistir o filme.

eu nunca entendi isso.

não lembro que merda de filme era. para você ver como assisti-lo não fez diferença alguma.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

proposta.pares.



Pares é um filme sobre busca e reparação através de um encontro. Dois personagens que, à suas maneiras, fogem da asfixia de seus mundos e buscam um movimento que lhes modifique. Marcados por experiências profundamente particulares, Vicente e Alicia desejam se reintegrar ao mundo do qual, outrora, foram apartados. Seja Vicente, pelo luto; e Alicia, pela sua história marcada por violência; ambos anseiam veemente pelo encaixe, pela comunhão – pelo par.

Para tratar de uma trajetória íntima, repleta de pormenores; a direção pretende explorar com uma delicadeza compassada os universos de cada personagem. Na construção de um tempo diegético mais estendido, como na seqüência inicial de Vicente, há planos mais longos e fixos, ressaltando a reclusão e a passagem de tempo de acordo com o luto do personagem.

De Vicente, alterna-se para a perspectiva de Alicia da história. Ao acompanhá-la, o olhar é um dos aspectos fundamentais da narrativa audiovisual. Quando Alicia, como uma “intrusa”, adentra a escola; tudo é novo: o espaço, as pessoas e os comportamentos. Por enquanto, ela está presa numa busca sem nome determinado. Sendo assim, a câmera registra Alicia observando, captando suas reações àquele universo. O tempo dos planos é marcado pela hesitação e decisão da personagem. As diferentes sensações de Alicia são o fio “guia” da narrativa e, são as mesmas que acabam motivando o próximo passo da personagem.

A busca de Alicia envolve aceitação. Para ela, essa procura é impossibilitada pela história de violência que a envolve. Ela não se sente confortável em dividir seus hematomas com ninguém; portanto fazer parte de um grupo torna-se dificultoso. Sendo assim, a câmera é cúmplice de Alicia. Ela está sempre com ela e dividirá muito pouco com o grupo. Essa lógica será progressivamente revertida quando Alicia encontra Vicente. É ele o nome, o rosto e o corpo dado à busca incessante de Alicia. É a peça que lhe faltava. O par.

Na seqüência em que Vicente invade a sala de aula, de imediato, Alicia percebe que ele não faz parte daquele grupo. Ele, também, por um motivo explicitado mais adiante, não se sente confortável ali. A partir daí, a câmera que acompanha Alicia “cede” e incorpora Vicente em seus enquadramentos. Aos poucos, o objeto da curiosidade de Alicia – Vicente – torna-se também o objeto de curiosidade da câmera e, por conseguinte, do espectador.

Lentamente, Vicente ganha espaço naquilo que o olhar de Alicia alcança. Como conseqüência, os enquadramentos o procuram. Portanto, ao longo do desenvolvimento da trama, saímos de uma câmera “independente” do outro – focando-se em Alicia; depois temos em quadro aquilo que Alicia vê – Vicente – e por fim, na seqüência final, a câmera mantém os dois personagens juntos no mesmo enquadramento. Seja na composição de primeiros e segundos planos, ou numa mesma camada; a câmera, ao fim, busca a “comunhão” de Vicente e Alicia – convergindo para o final do filme.

Alicia é impelida a seguir Vicente até sua casa. O fascínio, em primeiro lugar - decorado com a curiosidade e a esperança de ter encontrado alguém com quem possa se unir - a move. Seja um ou todos esses elementos agrupados as motivações de Alicia. Nessa sequencia, o que está em jogo é o desejo de Alicia em passar-se despercebida. Logo, o plano-seqüência da “perseguição” conta com a sutileza da câmera. Não há lugar para o caos da câmera tremida ou movimentos bruscos. Toda a tensão construída é mantida em suspensão até a seqüência final onde uma espécie de acordo tácito é selado.

Uma importante referência para a atmosfera do filme é a obra La Niña Santa (A Menina Santa, Lucrécia Martel, 2001). O espaço do filme de Martel é um hotel, no qual a protagonista “persegue” o médico por quem se interessa. A aproximação também acontece com muito cuidado e, ao longo dos dias, a protagonista observa a rotina do médico e progressivamente invade seus espaços.

A câmera que segue a protagonista de Martel é suave e cuidadosa, assim como a de Pares. Procura pelo detalhe, das mãos, pernas e olhos. Nesse sentido, a própria mise-en-scène é pautada pelo cuidado. Os gestos são meticulosos. Em Pares, os personagens não correm ou gritam. As experiências vividas por Vicente e Alicia os deixaram cautelosos. Amedrontados. Qualquer movimento de aproximação e recepção torna-se um desafio.

O ritmo do filme é pensado de modo a não interromper a tensão cuidadosamente criada. São planos de duração estendida, sem espaço para o “multi-recorte”. A prioridade da montagem será captar o “respiro” entre as cenas, de acordo com o tempo dos atores. Nesse sentido, a direção de atores ocupa o eixo central da cadência da história.

Os momentos que marcam a aproximação dos dois são marcados também sonoramente. Sua composição é centrada num leitmotiv – tema musical curto que se repete à medida que o mesmo “assunto” é apresentado. Quando Alicia observa Vicente, por exemplo, o leitmotiv composto por poucos instrumentos musicais (piano e mais um instrumento de corda) é reproduzido e, ao longo do filme, potencializa-se a fim de evidenciar o aumento de tensão. A Trilha Musical de Pares possui uma abordagem minimalista, referenciando-se em De Olhos Bem Fechados (Stanley Kubrick, 1999).

Nos pontos de vista de Vicente ou de Alicia, há considerável informação fora de quadro, trabalhada principalmente pelo Desenho de Som. Enquanto Vicente caminha até a escola, os sussurros incomodados dos alunos ficam a cargo do Som.

A Direção de Arte assume uma proposta realista, permeada por meios tons, com pouca saturação. Exceção são os objetos pessoais dos personagens, os quais pretendem refletir forte vínculo emocional através da vivacidade das cores.

O filme pretende criar margem para diferentes interpretações. Para algumas pessoas, Alicia é a própria irmã de Vicente, quem finalmente voltou à sua casa. Para outras, Alicia é apenas uma conhecida de Vicente. Para outras, ela assume o papel da figura perdida por Vicente; dando assim, um sentido novo ao processo de luto. Talvez contribuindo para o fim do mesmo. A direção pretende explorar a cena final de modo a sustentar essas possibilidades de interpretação.

Pares é um filme acerca do encontro de dois personagens intensos. Todas as nuances e contradições são impressas em cada olhar, aperto de mão ou um toque mínimo. A ansiedade pela busca do par é constantemente velada, mas o que subjaz a tanto custo, acaba por inflar-se. E assim, a qualquer instante, Alicia e Vicente irrompem. O filme irrompe. A vida, enfim, também acaba por irromper.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

domingo, 5 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

o.cabelo.perfeito.


ele despertava os dois lados dela. irritante como ele fazia parecer ser bom ter o cabelo meticulosamente arrumado. ou como mereceria uma recompensa, quem assim o tivesse. inclusive ela. e ela odiava o fato de isso afetá-la.

odiava também as premissas de boa ventura. de boas intenções. de bons presságios. a aura cristanóide que o circundava. ria das vezes em que ele repudiava drogas e confessava, em vergonha, sua obsessão por doces. como se o pecado chegasse ao horizonte da cama.

era para a moça perfeita que ele escrevia e ligava no fim do dia. a moça de cabelo sedoso, comprido, penteado de lado. lustroso. a moça que sorria num aprumo desigual. dente lado de dente. era junto dela que fizera os votos de união estável e eterna.

no entanto, era sentado lado a lado da outra, dia após dia, que lhe invadia o cheiro do cabelo rebelde, assimétrico e esvoaçante. e previa nela o erro. sentia nela a droga que nunca ousou experimentar. e mesmo assim, como um garotinho inábil, tropeçava nas suas táticas. esbarrava nas suas línguas. teimava em fazer-lhe cócegas a cada dez minutos, num esforço custosamente desmedido para tocá-la, sem querer parecer querer. insistentemente.

sábado, 28 de janeiro de 2012

amar, é perder o tom
nas comas da ilusão
revelar, todo o sentido.

aconchegante o ardor que ascende os cobertores. o vinho e a maçã rósea da minha face.

meu, convite.

esfrego forte meu cabelo porque é assim que tem que ser. só os sentidos gritam.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

visita.de.locação.371.


eu tenho dúvidas. tantas.

sábado, 21 de janeiro de 2012

eu, a provedora.

ela entrou no restaurante, acompanhada de um amigo. deixou a bolsa na mesa e seguiu aos fundos. lá, escondida, uma pia. abriu a torneira e reparou no desenho da mesma. foi imediatamente transportada para um outro banheiro. minúsculo. de pia semelhante. com vazão de água de mesma frequência. lavou as mãos pensando em como os dois se apertavam, outrora, naquele banheiro à margem, dividindo uma pia vulgar. ouviu as maliciosas risadas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

domingo, 8 de janeiro de 2012