sexta-feira, 18 de setembro de 2015


As relações minguam não porque paramos de amar, mas porque deixamos de imaginar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

esfregar-me.em.você.em.praça.pública.é.feio.você.disse.e.eu.digo.idiota.


ela escreveu dizendo como devia ser. ele lhe escreveu um email chamando-a para conhecer seus livros. ele escreve. ela pega o ônibus e cruza a cidade. ela chega em seu quarto e a estante está coberta de livros. mas um, está apartado. é aquele livro que ele escolheu. ela se aproxima e examina o livro sobre a mesa. há um marcador: página x, parágrafo y. ela começa a ler em voz alta. num volume médio, numa velocidade adequada. é quase uma oração. enquanto ela lê, ele se aproxima por detrás dela e cheira sua nuca. seu cabelo. mas não a toca. ela continua a ler o livro, tentando manter a respiração no mesmo ritmo. ela sabe que ele está atrás, próximo, mas não pode aferir exatamente onde. a leitura segue. e ele pede para ela abaixar a calça e diz seu nome. sem parar de ler o livro, ela obedece. ela confunde algumas sílabas do autor, mas continua. ela sabe o que vai acontecer, mas não sabe quando. não sabe. é angustiante, mas também é... e então, ele está dentro dela. ela, ofegante, vira a página e continua lendo. ele, também. a frequencia da voz e do corpo é constante. um ritual. mas em pouco tempo, desincronizam. ela está se apoiando à mesa e ao livro. a voz não acompanha mais os corpos. eles transmutam. estão presos e deformados. ela rasga a página do livro. movimentos mais bruscos. gritos. silêncio. espasmos.

que livro você vai escolher?

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

mas.você.não.sabe.


eu atendo o celular rindo e desejando que você melhore do resfriado, mas por dentro odeio tudo. mas você não sabe. odeio esse quadrinho erótico que você está lendo. odeio a ilustradora. esqueço qualquer sororidade. mas você não sabe. odeio ela com força. porque ela captura seu olhar. e você tem um livro de 150 paginas pela frente e me manda  as imagens dos quadrinhos de falta, de saudade, de sexo, de sofrimento. mas você não sabe. eu constrinjo o cenho porque a lágrima corre e isso repuxa minha pele áspera e a rasga, para que a pele nova que ainda não é capaz; é ingênua, nobre, bela (diferente da cratera da lua) surja sem querer surgir. mas você não sabe. que eu fiz isso na tentativa de recuperar minha auto estima. o absurdo. eu me queimei. queimadura literal. não sei ser vaidosa. mas eu me queimei. odeio você por me fazer ser assim. você me diz que volta sexta e que sábado trabalha e que domingo precisa fazer x e que segunda quer me ver. e quer almoçar. e quer ver um filme. eu sorrio e digo que adoraria. mas eu odeio tudo. você me faz mal. mas você não sabe. 

mas mas-você-não-sabe não é sobre você não saber de todas essas coisas. mas-você-não-sabe é sobre você não saber se gosta de mim ainda. se me quer. se quer saber porque eu sei aquele samba de cor. mas eu não sou brasileira o suficiente pra você.

mas, moço: minha pele nova tá nascendo. se prepara.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

silêncio.




words can rely nice
they can cut you open