quarta-feira, 16 de setembro de 2015

esfregar-me.em.você.em.praça.pública.é.feio.você.disse.e.eu.digo.idiota.


ela escreveu dizendo como devia ser. ele lhe escreveu um email chamando-a para conhecer seus livros. ele escreve. ela pega o ônibus e cruza a cidade. ela chega em seu quarto e a estante está coberta de livros. mas um, está apartado. é aquele livro que ele escolheu. ela se aproxima e examina o livro sobre a mesa. há um marcador: página x, parágrafo y. ela começa a ler em voz alta. num volume médio, numa velocidade adequada. é quase uma oração. enquanto ela lê, ele se aproxima por detrás dela e cheira sua nuca. seu cabelo. mas não a toca. ela continua a ler o livro, tentando manter a respiração no mesmo ritmo. ela sabe que ele está atrás, próximo, mas não pode aferir exatamente onde. a leitura segue. e ele pede para ela abaixar a calça e diz seu nome. sem parar de ler o livro, ela obedece. ela confunde algumas sílabas do autor, mas continua. ela sabe o que vai acontecer, mas não sabe quando. não sabe. é angustiante, mas também é... e então, ele está dentro dela. ela, ofegante, vira a página e continua lendo. ele, também. a frequencia da voz e do corpo é constante. um ritual. mas em pouco tempo, desincronizam. ela está se apoiando à mesa e ao livro. a voz não acompanha mais os corpos. eles transmutam. estão presos e deformados. ela rasga a página do livro. movimentos mais bruscos. gritos. silêncio. espasmos.

que livro você vai escolher?

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