segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

roe.dor.





o corpo descompassado na rua deserta. a avenida principal em retiro. a noite preenche as quinas mal acabadas e os tijolos carcomidos. minhas ancas estão quase inteiramente coesas. percebo pelas batidas incessantes no pavimento. olho para a distância que me separa do farol. lá no fim, onde iria.

os ruídos de animais menores, transitando debaixo de mim, vazam pelos bueiros. a cidade escura me deixa estalando. alerta. sou esses roedores. trêmula, hesitante, incerta. mas uma coxa atropela a outra e o asfalto irregular me seduz. não sei ao certo qual mosaico quero molestar. nada está cimentado.

o vento quase lúdico faz a curva na minha nuca. então, na cintura descoberta. atiça-me a tombar. inspiro com força o úmido da origem. convidando-me à-ventura. não há buraco o bastante nessa cidade para impedir meu trânsito.

você. de novo, você.

você é minha noite em são paulo.

não há lei de outdoor que te leve essa mensagem.




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