domingo, 13 de outubro de 2013

um.cara.para.um.café.


depois que me mudei, fico explorando a região a procura de cafés e padarias que tenham uma mesa com as características perfeitas. espaços que sejam menores, menos povoados. que sirvam um bom café. que tenham uma meia-luz. achei alguns. hoje, em especial, encontrei meu favorito até agora.

fico pensando que ele não gostava de ir comigo a um café. ele não era muito fã de café, mas não era por isso. era porque depois de dez minutos na mesa, eu enveredava para algum assunto social. irritantemente. e nós podíamos concordar ou discordar, não importa. o que era insuportável mesmo era eu dialogando comigo mesma.

eu reconheço isso. e agora que as coisas, em parte ao menos, terminaram; não sei o que quero fazer com isso. não sei se quero mudar exatamente.

mas daí aparece o outro ele e esse outro quer ir ao café comigo. e me ouvir. mas agora, eu hesito. eu não quero que ele queira ouvir só porque ainda não sabe o quão insistente eu posso ser sobre um assunto. e se ele não sabe, não quero que tome tudo pela metade. 

ainda converso com o primeiro ele e as conversas são muito boas, porque meu intelecto não o intimida e porque ele sabe que vivo uma constante construção de um modo bem consciente.

o outro não sabe disso. acha que eu consulto as paginas da grande enciclopédia empoeirada que eu achei numa estante esquecida da biblioteca da escola de freiras quanto tinha dez anos e engoli sem ninguém ver.

ainda que eu vomite algumas letrinhas...

4 comentários:

  1. e vc vai contar quando descer desse muro e pra qual lado for, ou a história vai ficar por isso mesmo?
    fiquei ansiosa pra saber a continuação dessa novela.
    ps.: gostei, mais do que qualquer outra parte do texto, daquela parte que vc fala que vive "uma constante construção de um modo bem consciente".

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  2. aqui, nesse mundo, não há espaço para o compromisso com a temporalidade. tudo isso já aconteceu há muito ou ainda vai acontecer. ;)

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  3. pois então conjugue você mesma os verbos da minha frase…
    a réplica ainda me parece possível, dessa maneira.

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  4. conjugo.
    "a réplica me pareceu possível, outrora."

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