quinta-feira, 30 de maio de 2013

fim.do.inverno.


Naquele instante, como se fosse um fogo silencioso, espalhou-se nele uma alegria intensa e penetrante como não sentia desde que fora ferido no ombro no combate a leste do Kineret, uma alegria impetuosa e insuportavelmente doce penetrando de minuto em minuto como um vinho forte e preciso cada célula do seu corpo, até a extremidade de seus nervos, com um agradável tremor nos joelhos, uma morna contração na garganta, uma onda ardente no peito, até que os olhos se encheram de lágrimas por causa da alergia, alergia de uma felicidade aguda, cortante, porque compreendera num instante para onde estava indo agora e onde o esperavam havia muito tempo, que lugar o aguardava, e por que levava seu equipamento militar e sua arma, e por que para o sul, além das montanhas e do deserto, lá, dizem as lendas, há um lugar de onde ninguém voltou vivo, e ele voltará vivo e ardente, vivo e ébrio de vitória e voará nas asas das águias para além do mar depois de voltar dessa jornada obrigatória que clama por ele desde o mais fundo da sua alma. Já havia muito tempo sentia ser sua missão ir sozinho, cruzar a fronteira, esgueirar-se das emboscadas inimigas, contornar os beduínos sequiosos de sangue, chegar a Petra e ver a rocha vermelha. E só depois disso sair para o grande mundo e conquistar cidades estranhas.

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