domingo, 20 de dezembro de 2015


o domingo cheio de trovoadas. elas eram fortes. deixaram o dia todo numa luz acinzentada. e me equilibraram razoavelmente. a cidade silenciosa, alguns pássaros reclamando. o som de um freio ao longe. a sirene emulando um desespero. o meu. mas os trovões e a água conversam comigo e me acalmam. dizendo que ele está trabalhando em algum lugar e que, ao olhar pela janela, verá um dia melancólico. um dia cinza e úmido, como o meu amar agora. um dia quando fazer piadas não significa nada. quando o depoimento de uma vítima sobre como adorava rir antes de morrer não vale absolutamente nada. sua insistência em ser feliz sob quaisquer circunstâncias me enoja. sua total incapacidade de co-sentir me atinge constantemente com indignação, abismo e perplexidade. e minha asfixia me aterroriza. um domingo em que você esteja livre e eu não saiba seu paradeiro. e eu me importe tanto. um domingo que me digere lentamente num ácido sem nome. seu nome.

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