segunda-feira, 29 de junho de 2009

breillat.querida.

Ele não vive dentro dela. Não habita aqueles cantos escuros, extremamente inóspitos, frios e psicóticos. Não sabe que a mente dela desenvolve, num ímpeto avassalador, o percurso mais rápido para o envenenamento. É em qualquer lugar que se acha um copo vazio, com uma marca tímida no vidro. Mas é suficiente para que ela lembre das escadas. Tantos degraus. Tantas gravatas e tantos anos. Não é sobre o homem; é sobre a mulher. Sobre a carapaça que a envolve e pare sua imaginação. Sua loucura. A incapacidade do homem se debruçar à morte. Do porquê de saboreá-la com cautela e calculismo. Sua ojeriza pelo morno, pela solução. A ânsia pelo irremediável. Debater frente à ciência de que acalma alguém que a atormenta. O esgoto da calma. Do carinho, da serenidade. Ode às vísceras. Ode ao cataclisma. Ao terror da perda. Ao desespero. Ao pranto. Ao horror do último toque, do vôo. Da neve. Da ausência – que só sobre ela o corpo se constrói. O nascimento da luxúria. Do ventre em chamas. Do venéreo apontando o fim. Se nos afundarmos em aromas, eles, em breve, ditarão nosso cabo. A sílaba separada, aquela que não diz nada sobre a palavra. Que não diz nada sobre o que houve. Que mata a saudade, e sempre matará. E continuamos, por ela, clamar. É sobre o vai e vem dos tempos repetidos. Dos gostos sem paladar. Tudo simplificado aos fluídos. As peles que se cruzam, que se pedem. Do obscuro. De não saber. De saber que é essa condição a priori, e ainda, querer a subversão. Querer o açoite ao dito. Ela grita pela segurança osteoporótica. A força iminente. Ela se contorce e passa pelos dedos dele. Espreme-se no v dos dedos. Silenciosa, derrama o agouro. E é quando a vida se espalha, reclamando todas as suas posses fantasmas.